– Eu quero esquecer tudo isso que aconteceu você entende?
– Claro… nesses momentos, quem é que não quer?
– Dói demais isso Akim.
– Eu sei, eu sei…
(silêncio)
– (Akim fala) Por outro lado… o que você quer é esquecer ou dissipar a dor?
– Ah… sei lá… acho que os dois?
– Qual o mais importante?
– A dor.
– Ótimo. Para aprender a dissipar a dor, tens que aprender o que está doendo. Além da parte óbvia do término de uma história, do luto que você deve estar começando a fazer agora, o que mais dói nessa história?
– (reflexão)Eu… não consigo entender. Dei tudo para ela, me sacrifiquei. Porque ela me deixou? Como ela fez isso?
– Hum… complicado isso não é? Esse tal de ser humano tem esse hábito estranho de ir buscar a sua felicidade nos lugares mais impensados e deixar a gente para trás…
– Como assim? Você quer dizer que ela… mas e tudo isso que eu fiz? Não conta?
– Claro que sim e imagino que ela é grata à você por isso.
– Sim, ela me disse isso.
– Perfeito, no entanto, você fez porque desejou fazer… ou, de alguma forma você sente que tudo isso que você fez foi uma forma, além de expressar o seu amor, garantir que ela o amasse também?
– É… tem razão, os dois.
– Perfeito… Não dá para “garantir” amor. Teu “investimento” nesse sentido faliu.
– Pior é que é… bem isso.
– Para você dissolver a dor, vai ter que aprender com ela. É uma oportunidade excelente essa para você aprender novos comportamentos no mundo dos relacionamentos. Aprender a viver o amor ao invés de buscar garanti-lo com sacrifícios pessoais.
– É… de uma certa forma eu sei que isso fez a relação ir para o buraco e é com isso que estou sofrendo. Tenho que mudar.
– Concordo.
Todo término traz dor, isso é praticamente inevitável. Sofrimento, por outro lado não.
Uma vez vi crianças no parque, duas delas se machucaram na gangorra e as mães foram acudir as crianças. Uma delas simplesmente viu o ferimento, limpou, colocou um Band-Aid e mandou a criança ir brincar. A mãe, então foi com o menino na gangorra e mostrou para ele o que fazer para não se machucar. A outra teve um “ataque”, como se a criança fosse morrer por causa de um arranhão. Foi embora com o menino para casa “cuidar” dele.
As duas crianças sentiram dor. Uma delas curou a dor com o que precisava ser feito, aprendeu com a situação e foi viver mais sábia. A outra criança não pode aprender e ainda – imagino – deve ter tido uma sobrecarga emocional em cima da dor. É assim que aprendemos a sofrer. Colocamos sobre a dor (que é natural) uma carga emocional (culpa, julgamentos) e nos afastamos da situação (ou não pensamos nela) e, com isso, não aprendemos, o que nos fará – provavelmente – repetir o mesmo erro no futuro (ou temer repetir o que é tão – ou mais – nocivo).
Quando o término traz sofrimento é porque temos que aprender com ele. O aprendizado é o que nos liberta do sofrimento (não da dor, dor “se cura” chorando a tristeza da perda). Aprender como colocar limites, manter interesses pessoais, ser assertivo ao invés de agressivo, cultivar amor ao invés de comprar amor; esses e vários outros aprendizado são os que mais tenho visto em consultório, talvez seja algo que você precisa aprender também.
Abraço
vistem também o nosso site: http://www.akimneto.com.br
Olá Akim, ótimo texto, não existe experiência sem vivência, positivas ou negativas são sempre grande aprendizado
…abraço!
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Oi Tatiane!
Muito obrigado pelo elogio!
Mesmo em terapia em que muitas vezes pensamos sobre o que estamos fazendo chega um momento em que digo aos clientes: o que você precisa agora não é pensar sobre o que está fazendo, mas sim buscar experiências novas de vida, para então termos algo para pensar sobre.
Isso é muito importante, René Descartes já falava sobre isso quando dizia que os princípios devem ser experimentados, alimentados pelo real. Concordo com ele e acho que uma vida apenas refletida é boa, porém empobrecida.
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Parabéns Akim!
Textos muito bem escritos, e muito bem compreendidos!
Maravilhoso!
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Oi Anna!
Muito obrigado pelos elogios!
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